quinta-feira, 28 de maio de 2009

Press Start

Gosto que as minhas coisas falem por mim. É capaz de ser porque sobre mim, em comunicação verbal, seja capaz de dizer pouco. Por isso tenho a parede do quarto inundada de postais, escritos, imagens, desenhos, recortes e objectos que, num determinado capitulo, me disseram coisas que eu não era capaz de expressar. Por isso, a imagem do meu desktop backgroud está, normalmente, ligada a um momento, pensamento ou reflexão da minha vivência. Há meses que essa imagem é a mesma; o fundo preto e uma frase por cima:
Press Start
- E que fazer?
Olho à volta, como se a mancha na minha parede me fosse dar resposta. Acabo com os olhos perdidos no tecto, já alheia à pergunta e indiferente à resposta.
- Qual é o botão?
Não quero ver mais filmes, nem ler mais um parágrafo do livro. Chega de séries. A minha imaginação recusa-se a escrever ou desenhar. Não vou jogar a minha sorte num jogo de azar.
- Em que jogo?
Queria ficar em casa. Saí. Queria ficar na rua. Vim para casa.
Porque há dias em que tudo corre ao contrário e em vez de ter os pés assentes no chão tenho os olhos pregados no tecto.
Pausa.
Para me destrair, destapo uma garrafa e acendo um cigarro. Ponho-me a fazer planos para amanhã. Ainda antes de dar o último golo, ainda antes de dar o último bafo já sei que amanhã vai começar tarde demais. Nem vale a pena meter despertador. O despertador é a maior mentira dos meus dias.
O monitor insiste:
Press Start
Numa tentativa de me livrar desta ordem de movimento procuro outra imagem que a substitua. Deparo-me com uma tabuleta vermelha, sob fundo cinzento que me pergunta:
If you could do anything tomorrow what would it be?
Eu respondo-lhe, em palavreado de jogo, para não confundir ainda mais este post:
"All in"

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